Brasileiros só perdem para americanos entre os que mais visitam parques. Taxa de crescimento do setor no país foi de 8% nos últimos 20 anos
Quando o assunto é parque de diversões, os Estados Unidos é referência. Atualmente, os 560 parques temáticos do país vendem 300 milhões de ingressos por ano, um para cada habitante. São mais tíquetes para eles do que para todos os eventos esportivos somados. A receita chega a US$ 7 bilhões por ano.
No Brasil, o setor ainda engatinha, mas o futuro é promissor. Pesquisas indicam que os turistas brasileiros só perdem para os americanos entre os que mais visitam parques temáticos no mundo. Os 17 parques do país atraem 20 milhões de visitantes todos os anos e movimentam R$ 1 bilhão.
A chave do sucesso é uma só: investimento. “O parque temático americano, desde o seu conceito, é uma peça de tecnologia cada vez mais avançada. Os investimentos devem ser cada vez maiores para propiciar aos seus visitantes emoções totalmente inusitadas. É um mercado extremamente dinâmico e ele vive da renovação da atratividade”, afirma o presidente do Sindepat e da franquia Wet’n Wild no Brasil, Alain Baldacci.
O parque Wet’n Wild, no interior de São Paulo, cresceu 110% nos últimos 15 anos, apesar de desafios como a legislação trabalhista, custos operacionais e a sazonalidade. Soma-se a isso a necessidade de se manter sempre atualizado. “Existem poucos fabricantes mundiais, nenhum no Brasil. Para que a gente tenha essas atrações, tem que importar. O custo da importação é exacerbadamente alto”, critica Baldacci.
Segundo o sócio-fundador do Beach Park, João Eduardo Guinle Gentil, 80% das atrações são importadas e, o que não é importado usa tecnologia desenvolvida fora do país. Complexo turístico no litoral do Ceará, o Beach Park, que começou com uma barraquinha na praia Porto das Dunas, é hoje o maior parque aquático da América Latina. São quatro hotéis, um parque de 30 km² e um restaurante na beira da praia. Só no ano passado, 1,3 milhão de pessoas circularam pelo complexo, que atraiu 83% dos turistas do estado.
Mas a história de sucesso teve um começo difícil. Nos primeiros anos, a frequência era metade da atual. A observação do que acontecia no mercado internacional ajudou a traçar uma nova estratégia: fortalecer dois mercados, o dos parques e o hoteleiro. “O fato de que tinha um hotel aberto o ano inteiro foi uma evolução da indústria inteira”, aponta Gentil.
A prova do amadurecimento da indústria é a taxa de crescimento de 8% nos últimos 20 anos, um desempenho excelente se comparado aos 3% do mercado americano no mesmo período. Para cada emprego direto, a indústria gera 11 indiretos. “Serviços de avião, táxi, fornecedor de alimentos, embalagem, produtos químicos, motores, lâmpadas. Nosso impacto na economia local é um dos maiores que existe”, destaca Baldacci.
Preocupação com segurança e sustentabilidade
Como o risco de acidente sempre existe, a segurança é um item prioritário. No Beach Park, o investimento na área é de R$ 10 milhões por ano, enquanto que no Wet’n Wild equivale a 12% do faturamento bruto e envolve, entre outras coisas, treinamento das equipes, checagem periódica dos equipamentos, segurança alimentar e de todo o ambiente e certificação de fornecedores.
A sustentabilidade também é onipresente. Os parques fazem reaproveitamento de água e energia, coleta seletiva, tratamento de esgoto e parcerias com a comunidade. O acesso à tecnologia parece ter unificado também o gosto pela diversão. “O mais importante é que a nova atração esteja sintonizada com a nova tecnologia. Ela serve para todos os países do mundo, inclusive o Brasil”, avalia Baldacci.
Fonte: g1
Legenda: Beach Park é responsável por 83% dos turistas que visitam o Ceará. Parque tem 30 km², quatro hotéis e restaurante na beira da praia e recebe 1,3 milhão de pessoas por ano
Fotos: Reprodução/GloboNews