No dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, a Adibra conversou com algumas profissionais para homenageá-las e saber quais são suas expectativas e desafios

Nos últimos anos, o setor brasileiro de parques de diversões e atrações tem crescido significativamente, oferecendo diversas oportunidades de trabalho para profissionais de diferentes áreas, que têm se destacado cada vez mais nesse mercado.

A motivação feminina para atuar no setor de entretenimento pode estar relacionada a diversos fatores. Um deles é a possibilidade de trabalhar em um ambiente dinâmico e divertido, que proporcione experiências únicas para os visitantes. Além disso, muitas mulheres se identificam com a missão de proporcionar momentos de lazer e entretenimento para as pessoas, o que possibilita trazer um senso de realização pessoal e profissional.

Outro fator que deve motivar as mulheres a trabalhar nesse segmento é a diversidade de áreas de atuação. Desde a gestão e planejamento até a operação e manutenção das atrações, há uma série de oportunidades para elas com diferentes formações e habilidades. Além disso, a indústria de parques e atrações tem investido cada vez mais em tecnologia e inovação, o que talvez seja outro atrativo para interessadas em trabalhar com soluções criativas e tecnológicas.

Na opinião da diretora executiva da Associação Brasileira de Parques e Atrações (Adibra), Carolina Ayako, apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta desafios em relação à equidade de gênero.  “É essencial que as empresas do setor reconheçam a importância da diversidade e da inclusão em suas equipes, garantindo oportunidades iguais para homens e mulheres. Além disso, é fundamental que sejam criados programas de capacitação e desenvolvimento específicos para mulheres, a fim de promover a formação de lideranças femininas no setor”.

Acostumada a viver nesse mundo apaixonante dos parques de diversões desde pequena, a presidente da Adibra, Vanessa Costa, e também diretora do Moreno’s e do Yupie Park, ressalta que a união das mulheres em todos os segmentos é importante para que cada vez mais a presença feminina tenha representatividade e pertencimento em todos os campos, seja profissional, materno, pessoal e assim por diante. “Como exemplo, temos em nosso setor engenheiras, advogadas, publicitárias, médicas, empresárias... dentre inúmeras profissões, no entanto, embora a realidade seja favorável quando comparada às décadas passadas, ainda enfrentamos muitas barreiras. Por isso, é importante termos a consciência de sabermos que juntas somos mais fortes, por mais clichê que essa frase seja. Que possamos lembrar da importância da sororidade, do apoio mútuo e da união para enfrentar os desafios e conquistar nossos objetivos”.

A diretora de Educação da Adibra, Cyntia Carneiro, que também é diretora de Criação de Projetos Temáticos na Mauricio de Sousa Produções, onde lidera um time diverso, formado em maioria por mulheres, fala que é necessário incentivar ações e práticas favoráveis que promovam a igualdade de gênero. Projetos como o ‘Donas da Rua’ da Mauricio de Sousa Produções (MSP) trazem visibilidade às mulheres, inspirando meninas e mulheres a buscarem seu espaço nas mais diversas áreas de atuação profissional. Como exemplo, histórias passaram a ser publicadas nas revistas com foco no desenvolvimento de habilidades como o exercício da liderança, autoconfiança, persistência, comunicação e persuasão. Como ponto central do projeto, o Donas da Rua traz visibilidade às mulheres notáveis do Brasil e do mundo. ‘Toda menina pode ser o que quiser!’, diz Cyntia.

Já a diretora Jurídica da Adibra, Dra. Ana Paula Smidt, afirma que estar à frente do setor Jurídico de uma instituição como a Adibra, tão representativa para o segmento, é desafiador, mas também altamente gratificante. “O setor de entretenimento, principalmente o de parques de diversões, é bastante singular e, por não haver legislação específica, traz consigo a possibilidade de se utilizar a criatividade aliada com o conhecimento técnico para desenvolver as boas práticas de forma a minimizar riscos jurídicos trazendo maior segurança para os operadores”.

Dra. Ana Paula acompanha o setor há mais de 20 anos, advogando para diversos parques, e diz que nos últimos anos a presença feminina tem aumentado, inclusive nas lideranças. “Entendo que as barreiras têm sido quebradas e que o desafio é incentivar as mulheres da nova geração e aliar as inovações tecnológicas. Hoje temos mulheres em cargos de alta gestão em grandes empresas do segmento, bem como uma mulher na presidência da Associação em seu segundo mandato, juntamente com mulheres e homens compondo o corpo diretivo, o que é, sem dúvida, uma grande conquista”, explica a advogada, que faz questão de deixar uma mensagem especial às mulheres que estão iniciando sua jornada profissional: “Não se limitem! Não acreditem em crenças antigas de que esse ou aquele cargo/posição não é para você, porque você é mulher. Lugar de mulher é onde ela quiser.”

Vanessa Costa

Carolina Ayako

Cyntia Carneiro

Ana Paula Smidt

Sindepat
A presidente executiva do Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat), Carolina Negri, conta que se formou em Turismo e fez estágio na Walt Disney World, no então MGM Studios, hoje Hollywood Park, e trabalhou na operação de Alimentos e Bebidas (A&B). “Tive a oportunidade de viver no início da minha carreira essa experiência na melhor empresa de entretenimento do mundo, o que me deixou fascinada por este universo”.

À frente do Sindepat, ela diz que é uma grande honra e também uma grande responsabilidade. “Temos um time supercomprometido e associados que são muito parceiros, então nossos projetos têm fluidez. Representar institucionalmente um setor que produz diversão é muito importante, e isso induz o turismo e o desenvolvimento econômico. Além disso, tanto no turismo quanto no setor de parques e entretenimento, é de fato marcante. O lidar com pessoas, a empatia e a sensibilidade estão no DNA feminino. Com o tempo, acredito que teremos mais mulheres em lideranças, temos diversas que já ocupam cargos bem relevantes em várias empresas. Muitas empreendedoras à frente de suas empresas. Vi num post de uma psicóloga que tenho acompanhado, de autor desconhecido, a seguinte frase: ‘Não peça permissão para voar, as asas são suas e o céu não é de ninguém’-.”

Carolina Negri

Grupo Beach Park
A diretora de Marketing, Mídia e Conteúdo do grupo Beach Park, Clarisse Machado, diz que os principais desafios das mulheres no setor são os mesmos enfrentados no mundo corporativo em geral. O principal deles é a sobrecarga de atividades atribuídas à elas   pela sociedade e o machismo que gera preconceito e desvalorização do público feminino no mercado de trabalho. “Para se destacar, elas em geral têm que ser tecnicamente mais qualificadas que os homens, e ainda ter garra para dar conta de suas múltiplas jornadas de trabalho (em casa, com filhos, no trabalho etc).”

Ainda de acordo com Clarisse, as líderes femininas têm papel crucial na construção de ambientes criativos e acolhedores. Além disso, costumam ter um olhar mais empático com os colaboradores, o que tem impacto no reconhecimento de valores, tanto com relação ao valor de um colaborador, quanto nos valores da organização.

Clarisse Machado

Magic City

Para a diretora Administrativa e Financeira do Magic City, Silvana A. Silva, ser organizada, focada, manter-se atualizada, entender a cultura da organização, saber ouvir, ser resiliente, criar e manter ambientes saudáveis são características fundamentais em sua rotina diária. “A postura que mantemos mediante aos obstáculos, que no nosso setor são muitos, faz com que, pouco a pouco, preenchamos esta fatia do mercado, que com o passar dos anos tem demonstrado uma participação crescente. Essa realidade reflete não somente no setor de entretenimento, mas qualquer área que desejamos atuar”.

Silvana diz ainda que o setor de entretenimento é encantador, mas também desafiador, onde se aprende todos os dias. “Devemos ficar atentas a todas as oportunidades, estudar, mantermos atualizadas, nos desafiar em cada missão e ou situação que nos são apresentadas. Aprender com as experiências de profissionais com mais vivência na área, analisando, porém, oportunidade de melhorias e inovações em cada processo, além de fazer networking, e acima de tudo termos amor ao que fazemos. Esta, sem dúvida é a fórmula para o sucesso em qualquer profissão que desejarmos atuar.”

Silvana A. Silva

Hopi Hari
A diretora Administrativa e Financeira, do Hopi Hari, Lucília Arruda Fróis Rodrigues, conta que entrou no parque em junho de 2019, quando o empreendimento passou para uma nova gestão. “Aqui no Hopi Hari não considero a presença feminina tímida, e sim marcante demais. Temos mulheres no corpo diretivo da empresa e em cargos que até hoje são dominados pelo sexo oposto (por exemplo, operação e manutenção). Os desafios são os de uma rotina de trabalho normal, pois o parque é bem inclusivo e isso nos facilita muito”.

Ela aconselha para a mulher que está em início de carreira, que tenha uma estrutura consolidada na vida pessoal, pois esse setor requer horários que fogem dos tradicionais. “Abrir mão do almoço aos domingos com a família tem que ser pensado e dividido com a família para que o seu sucesso profissional não interfira negativamente no ambiente domiciliar. O orçamento e o bem-estar devem andar juntos. Além disso, acredito que toda mulher hoje possa fazer uso de tudo que as nossas antecedentes sofreram para estarmos onde estamos hoje, respeitar essa conquista e fazer sempre mais. Buscar respeito e nosso lugar ao sol”, conclui.

Lucília Arruda Fróis Rodrigues

Play City
A CEO do parque de diversões Play City, Angela Marques Mendes, acredita que as  mulheres têm conquistado mais espaço em posições de liderança e em áreas anteriormente dominadas por homens, como engenharia, tecnologia, operações e finanças, e estão ajudando a tornar os parques de diversões mais inclusivos e diversos, trabalhando para criar experiências que atendam a uma variedade de gostos e necessidades. “As mulheres estão contribuindo para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras nos parques de diversões, como a realidade virtual, a Inteligência Artificial e a robótica, ajudando a criar experiências mais imersivas e emocionantes para os visitantes. Elas também têm desempenhado um papel importante na melhoria das políticas de segurança dos parques de diversões, ajudando a garantir que as atrações sejam seguras e que as equipes de operações estejam treinadas para lidar com emergências. No geral, as mulheres estão fazendo contribuições significativas para o setor de parques de diversões e ajudando a tornar esses espaços mais inclusivos, seguros e inovadores”.

Angela Marques Mendes

A Adibra agradece a participação das profissionais entrevistadas e ressalta que seria impossível falar com todas que atuam no setor, porém, a Associação selecionou algumas para que elas pudessem representar e mostrar o quão vasto e diversificado é o nosso setor. 

Parabéns a todas as mulheres que, com empenho e dedicação, fazem a diferença no setor de entretenimento!